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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Flicts

O livro escrito por Ziraldo pode não ser tão infantil quanto parece, tudo vai depender do jeito que você ver o mundo e as cores.
A primeira edição foi lançada em 1969, onde o autor conta a história de uma cor que não encontra seu lugar no mundo. O modo simples como é narrado, o jogo de palavras, a métrica (que talvez não exista), a ausência de formas e as raras ilustrações, me atraem.
Flicts apresenta sensações bem humanas, sentindo a rejeição por ser diferente e buscando novos valores, até o momento de seu reconhecimento.
Ao fim do livro encontro um autografo de Neil Armostrong quando soube da história, este diz: "The Moon is Flicts", Neil Apollo 11. E na contracapa Drummond traduz um pouco do que venho pensando por algum tempo: símbolos e cores. "Tudo é cor (...). E revela-se aquilo em torno do qual os símbolos circulam."
A obra já virou peça teatral, foi traduzida nas mais diversas línguas e possui muitas edições - a minha mesmo é a nº52 (2005).

Quer ler cinco minutos no final dessas tardes quentes de verão?
Refletir algum tempo sobre o que já se havia pensado?
Voltar a perceber a simplicidade dos livros infantis e das coisas ao seu redor?
Leia Flicts.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Los Porongas no Sesc Consolação

Tinha pensado em fazer uma postagem na semana passada apresentando uma das melhores bandas do rock brasileiro atual: a LOS PORONGAS. Com seu som amazônico e envolvente os acreanos estão ai para quebrar qualquer insinuação de que o Acre não existe, ou qualquer lenda supérflua que possa vir a existir.
Anteontem tive o grande prazer de ver um show que esperava desde 2008, a primeira vez que ouvi a música Enquanto uns Dormem, que dá nome ao primeiro Ep da banda. Com a espera criei expectativas e não me decepcionei nem um pouco, ao encontrar as fortes batidas de Jorge Anzol, o baixo preciso de Marcio Magrão, os riffs envolventes de João Eduardo (que me pareceu um tanto incomodado com alguns problemas técnicos, é claro que sem perder em nada na sua performance) e a voz realmente fascinante de Diogo Soares.
Assim o show se fez às 15h de um sábado quente, onde alguns paravam para apreciar a banda desconhecida e outros aguardavam os músicos que haviam acabado de voltar de Rio Branco, com todo o calor da estréia de um novo álbum: O Segundo Depois do Silêncio, que promete antes mesmo de ser ouvido. Com experimentações instrumentais, saudades do Norte, as novidades em São Paulo e participações especiais de amigos como Hélio Flanders.
A banda está entre os grandes. Em 2007 seu primeiro disco ficou entre os 25 melhores do Ano, eleito pela revista Rolling Stone; a produção tem contado com Dado Villa- Lobos, ex- Legião Urbana e sem falar dos inúmeros shows elogiados nos mais variados festivais.
As letras são lindas, sempre me envolveram e me fizeram cantar- em casa, é claro! - a energia é intrigante, feita de sensações indescritíveis, sem maiores definições. E agora tenho mais um motivo para admirá-los, depois do show os músicos mostraram porque conquistam fãs a cada lugar que passam: Magrão é um tanto paterno, João e Anzol são de toda a atenção e Diogo extremamente receptivo, contando coisas como o significado de Poronga e pronto para ouvir o que os outros tem a dizer antes de receber seu abraço suado, rs.


Dei preferência aos vídeos ao vivo, apesar da qualidade do som ser outra. Então, aproveite bastante.

Não Há - Los Porongas (2007)


Dois Lados - O Segundo Depois do Silêncio (2011)


http://losporongas.com.br/

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Deu no New York Times

O livro de Larry Rother, jornalista americano que trabalhou como correspondente no Brasil entre 1999 e 2007 deu o que falar.
Dividido em cinco seções: cultura, sociedade, política (nacional, Lula e internacional), Amazônia e ciência/ economia. Através da visão de um americano que escreve o livro para poder adicionar suas críticas pessoais nas matérias selecionadas de cada seção.
No início, tive aquela sensação de que seria como muito do que já li sobre o Brasil, mas não foi bem assim. A cultura descrita por Rother é honrável, principalmente quando se trata de Gilberto Gil e os movimentos da tropicália. Em sociedade são abordadas questões como o racismo e os problemas que conhecemos muito bem, mas o modo como é escrito realmente não é algo que um brasileiro sinta orgulho, muitas vezes colocando o americano como raça superior, e como se o racismo da "América" fosse exclusivamente necessário e benéfico.
É na política que as polêmicas se desenvolvem, o jornalista quase foi expulso do país depois de publicar matérias sobre os problemas de Lula com o álcool, o caso Celso Daniel e as políticas de Genoíno, mostrando ao mundo um país diferente do "Brasil para gringo ver".
Na política internacional: "o Brasil é para o Paraguai o que os Estados Unidos são para o México" ou então, "atitude de menosprezo ao que os outros estão fazendo".
A Amazônia é mostrada como o paraíso perdido, onde ninguém conhece além daqueles que passaram anos por lá, as idéias de desenvolvimento sustentável e as visões de outros países sobre o 'paraíso' são abordados nesta seção.
Não posso dizer muito sobre ciência/ economia já que parei de ler por falta de interesse. Não que o livro seja ruim, mas algo me pareceu repetitivo nas comparações entre Brasil e Estados Unidos.
As matérias não são a parte curiosa e envolvente, mas sim os comentários que as antecedem. Se quiser algo para desenvolver certo pensamento crítico já tem uma boa opção, com a visão do jornalista gringo, onde não se pode afirmar se este quer ser o dono da verdade ou apenas explorar o estrago e as provocações.

Título: Deu no New York Times
Editora: Objetiva
Assunto: Comunicação - Jornalismo
Páginas: 416

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Vanguart

A banda formada em 2002 na cidade de Cuiabá possui vários rótulos como latino, folk rock, indie, mas deixo a você a decisão de rotulá-los em algum estilo ou não.
Hélio Flanders, o vocalista, possuía um projeto anterior onde tocava vários instrumentos e depois mixava sem que houvesse outros integrantes na banda.
Foi em 2005, quando resolveu chamar os amigos David Dafré (guitarra), Reginaldo Lincoln (baixo), Luiz Lazzaroto (teclado) e Douglas Godoy (bateria) que o grupo ganhou destaque nos mais diversos festivais. Chegando a grandes mídias especializadas, como os canais Multishow, MTV e Globo, com programas de homenagens a artistas como Raul Seixas e Dorival Caymmi.
O single “Semáforo” levou os cinco garotos de Cuiabá além do cenário independente, visto que não é muito difícil encontrar o som dos caras em algum canal citado anteriormente.
Nos últimos anos concorreram a vários prêmios e estão entre os "50 álbuns que formaram identidade musical brasileira dos anos 2000" com o disco Vanguart (2007).
A banda que já tocou aqui em Jundiaí na virada cultural do interior em maio de 2009 volta aos estúdios em para a gravação do segundo disco que deve ser lançado ainda esse ano.




Não deixarei nenhum videoclipe por aqui, pois não consigo escolher entre uma ou duas músicas, mas quer curtir um show, aproveite:
• Projeto Vang Beats (e convidados) - 14/01 às 1h. R$25,00.
• Vanguart convida Cida Moreira e Thiago Pethit, no Centro Cultural SP (CCSP) - 15/01 às 19h.
Inteira: R$: 20,00. Meia: R$ 10,00. (Devem ser adquiridos com duas horas de antecedência).

Mais informações: Twitter - twitter.com/vanguart
Myspace - http://www.myspace.com/vanguart
Trama Virtual - http://tramavirtual.uol.com.br/vanguart
Comunidade no orkut - http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=8540

sábado, 8 de janeiro de 2011

Ronei Jorge e os ladrões de bicicleta

Foi o que ouvi a semana inteira, e sabe, essa tranqüilidade toda esta começando a me assustar.
O som da banda mistura elementos da música brasileira (principalmente o samba) com o rock. Só pelo encarte já se pode perceber que Ronei Jorge abusa de uma poética direta, com simples fotografias que são sinestésicas ao momento que se escuta a melodia.
O primeiro disco da banda foi produzido por Luiz Brasil, que já havia sido produtor de Cássia Eller e tocado com Caetano Veloso. Independente do produtor, o que se pode observar na banda, é tal personalidade que muitos procuram, única e marcante. Fazendo com que essa unanimidade os levasse a um patamar maior do que o esperado, com participações em vários festivais e o apoio nacional da Petrobras e o Ministério da Cultura ocorreu à gravação do segundo disco:Frascos Comprimidos Compressas (2009).
Logo depois de baixar o álbum do quarteto baiano, descobri que estes, anunciaram uma pausa por tempo indeterminado, o que me tira qualquer esperança de ver um show por aqui. Mesmo assim, vale a pena conferir.



Site oficial - http://www.roneijorgeeosladroesdebicicleta.com/

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Última parada 174

Tenho a péssima mania de ver um filme muito tempo depois de seu lançamento, assim aconteceu com Quem quer ser um milionário e até hoje não assisti Tropa de Elite, mas por curiosidade parei para ver Última parada 174 que não havia me chamado a menor atenção.
Com o seqüestro do ônibus 174 na linha Central-Gávea, no ano 2000 o Rio de Janeiro foi cenário de mais um acontecimento trágico entre policias, criminosos estereotipados e cidadãos inocentes. Esta foi a receita usada por Bruno Barreto para mais um filme brasileiro com o estilo "favela" que vem sendo incentivado após Cidade de Deus, a maioria com prestígios bem menores do que seu pioneiro (com razão).
Desde seu lançamento surgiram várias comparações com o Linha de Passe, de Walter Salles e Ônibus 174, de José Padilha.
O filme possui elementos básicos que cativam alguns e horrorizam outros: a mãe viciada que perde o filho e se torna seguidora de Jesus, o pastor, policias, chacinas, crianças cheirando cola, a menina das ruas que se torna prostituta,traficantes, uma ONG e cariocas comuns.
São 110 minutos relatando a história de Sandro garoto que vê a mãe morrer, passa a viver nas ruas e vai para o crime, sendo chamado por uma das personagens como "a maior vítima de tudo". Mas será que é isso mesmo?
Paralelamente há outro garoto: Alessandro, que é tirado dos braços da mãe ainda bebê, como não sabe quem é, acredita ser filho do maior traficante da favela.
Apesar da boa fotografia e de todos os personagens necessários para uma história cativante, os atores podem não te levam à tensão esperada e surgem falsas ideologias, onde Sandro parece não ter escolha, já que sociedade é vista como o mal de tudo, sem ao menos perceber as verdadeiras vítimas, como por exemplo, Geísa, a professora morta que não tem sequer seu nome citado, assim como nada é mostrado sobre os julgamentos dos policias que mataram Sandro asfixiado, ou melhor não mataram, foram julgados inocentes.
Mas sei lá, não conheço o Rio de Janeiro, não sou especialista em cinema e o filme concorreu/ venceu vários festivais.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Antes que eu me esqueça

Foi esse o título que me chamou atenção em uma banca movimentada no fim da bienal do livro (no ano passado). Movimento esse graças aos preços extremamente acessíveis, nenhum livro sai por mais de 1 real.
Neste livro Antonio Henrique Carvalho Cocenza reuni crônicas das quais não poderiam ser mais apropriadas para minhas tardes chuvosas de janeiro. Crônicas simples, palavras regionalizadas, finais previsíveis e gosto de saudades como o título sugere.
O livro possui 142 páginas que são lidas rapidamente, se você leitor, não se cansar com tanta simplicidade.
Chá, bolinhos de chuva e desenhos antigos são "sensações" extras, viajando no tempo e me dando vontade de buscar autores de Jundiaí que não sei porque, mas acredito que tenham alguma semelhança com este, de Piracicaba como diz logo na primeira crônica.

Antes que eu me esqueça, nada além do que se espera, se lembre ou queira que seja.