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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Karina Buhr

A mistura de culturas dessa cantora e percussionista é inegável. Com 8 anos Karina muda-se de Salvador para Recife, esquentando o caldeirão do maracatu, cantiga de roda e raízes alemãs. Participando de várias bandas a menina virou mulher, independente dos trabalhos anteriores, cresceu apresentando algo "mais agressivo e esquisito".
Com o disco "Eu menti pra você" Buhr me lembra Clarice Lispector, talvez no formato do rosto e na fala, não sei bem. Divagando entre algo mais insólito, onde muita coisa pode ser dita e nem tudo pode ser verdade.
De repente parece que ela esta em todo lugar, até mesmo quando abro sem querer uma crítica do Radiohead feita por Zeca Camargo ela esta lá: "Quero falar de minha obsessão por Karina Buhr, e de novas descobertas musicais que fiz (...)". Ao abrir o twitter encontro RT´s de pessoas desconhecidas, que de alguma forma chegam a minha timeline, com elogios a moça ou simplesmente letras de suas músicas. Eu mesma coloquei parte de “Nassiria e Najaf” em um tuite. Quando vi alguém que não sabia do que se tratava já havia repassado a mensagem.
São apenas essas as maneiras de se fazer música no Brasil? Ter sorte para que alguém comente de você em algum lugar? Não cantar tão bem, mas misturar pretensão com simplicidade?
É isso que encontro em "Cirando do Incentivo", letra ótima, batida simples, um funk talvez, pedindo incentivo a cultura brasileira e ao mercado fonográfico. Parece que só assim o mercado pode escutar, só com a música diferente das outras do álbum, com a chance de cair no gosto de pessoas que não vão escutar mais nada além daquilo. Um grude. Afinal “É preciso entrar no gráfico/ do mercado fonográfico. / Mas eu não sei negociar/ Eu só sei tocar meu tamborzinho e olhe lá/ E olhe lá”.
Com um desconcerto agressivo que pula para as raízes alemãs em "Telekphone" a tediosa vontade de "Plástico Bolha" finaliza um disco promissor para a cena independente.

Veja Nassiria e Najaf, boa letra, simplicidade no vídeo e a vontade de causar impacto ao seu confrto.

www.karinabuhr.com.br/

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Kurt Cobain e o Nirvana

Tudo que postei até agora tinha um tom mais atual, mas convenhamos que o ícone grunge Kurt Donald Cobain nunca saiu dos tocadores de música de alguns adolescentes (e quem sabe, gente que já passou desta fase).
Quinze anos depois do lançamento de Nevermind (1991) ganho uma cópia do disco que mudaria minha vida. Foi com o álbum mais famoso do Nirvana que passei a ver música de um jeito diferente, o grunge e posteriormente uma parte do underground. Desde então procurei mais sobre o Nirvana até descobrir as peculiaridades de seu frontman.

Kurt Cobain (Aberdeen, 20 de Fevereiro de 1967) viveu na chamada classe operária americana, em uma família onde a música sempre esteve presente. Mas não foi só isso que levou o garoto americano ao sucesso.
Ao meu ver, o que colocou Cobain, Novoselic e Grohl nas paradas mundiais foi a identificação dos jovens que admiravam o underground e a levada das bandas de Seattle. Como sabem os problemas pessoais de Kurt nunca foram afastados de sua música. A separação dos pais aos 8 anos, o amigo gay e a homofobia alheia no ensino médio, a violência doméstica e uma série de problemas que levaram as reações atormentadas do músico.
Em 1989 o trio mais promissor de Seattle lança Bleach- o primeiro, melhor e mais sujo álbum do grupo-, mas é Nevermind e o hino adolescente Smell Like Teen Sprit que leva o Nirvana as grandes mídias e turnês mundiais. E lançaram mais três álbuns até seu fim em 1994: Insesticide, In Utero e MTV Unplugged in New York.
Paralelo ao Nirvana havia Cortney Love e sua banda Hole. Love e Cobain tiveram um relacionamento intenso e tortuoso. Cobain se declarava “cego de amor” ao se casar no Hawaii, vestindo um pijama verde; enquanto Love “nunca faria mal a Kurt”. Porém, não importava como esse amor acontecia ambos sabiam o que estava fazendo, inclusive em relação ao uso de drogas e a possível perda de guarda da filha Frances Bean.

Foram vários os fatos, relatados das mais diversas formas, então fica muito difícil querer contar tudo em uma postagem. Ficaria cansativo e se fosse você leitor, possivelmente desistiria de ler.
Em 5 de abril de 1994 começa mais uma história especulativa sobre a morte de um “rockstar”. Aos seus 27 anos, Kurt foi encontrado morto em casa, junto a uma arma e sua carta suicida. Desde então, surgiram milhares de suspeitas de um possível assassinato armado por Cortney Love. Com a morte de Kurt jovens do mundo todo sofreram, havendo casos de suicídios influenciados pelo músico.
Seja como for, se Cobain estivesse vivo hoje comemoraria 44 anos. Seu legado musical é inegável, ultrapassando a fronteira do barulho juvenil, talvez se não tivesse morrido o Nirvana poderia cair no esquecimento, nas graças do pop ou quem sabe ter crescido ainda mais (impossível saber o que aconteceria).
O fato é que se não fosse o Nirvana, Foo Fighters não seria reconhecido desse jeito, Dave Grohl não teria uma rua com seu nome, você não teria visto muita gente com aquela camiseta da carinha “nóia”, não saberia de histórias deprimidas, amorosas ou insanas ao som do grunge mais famoso do mundo, nunca teria ouvido algumas bandas famosas por aparecerem nas camisetas dos músicos e não conheceria alguém que até hoje anda como Kurt Cobain enquanto procurar outros amigos, com ideias diferentes dos impostos pelo sistema. Seja como for, o que foi feito ficou eternizado.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A rede social

Conta a história da criação do Facebook, ou melhor, a história da criação de um dos maiores meios da vida social contemporânea.
O filme foi baseado no livro Bilionário por Acaso, de Ben Mezrich, e desde seu lançamento vem ganhando cada vez mais destaque na mídia especializada. Por exemplo, anteontem o protagonista David Fincher levou pra casa o prêmio Bafta; antes de seu lançamento a cena em que Justin Timberlake cheira cocaína nos seios de algumas mulheres já era uma polêmica, e também o fato do Co-fundador Eduardo Saverin ser um brasileiro (e possuir 5% das ações).
No início o longa é chato, aparentemente fútil e nerd, com direito a lógica da programação na janela de um quarto. Mas é quando Mark Zuckerberg e seu amigo Eduardo Saverin começam a mexer com as pessoas, o modo que agem e o que fazem elas se conectarem, é que a "coisa" começa a tomar forma e ficar interessante. Para não ser tão sem graça, não faltam cenas com garotas, festas, universitários, dinheiro, trapaça e uma rede de ações humanas das mais filhas da puta (desculpe, não achei outra expressão).
O que mais impressiona no filme é a forma temporal em meio ao que acontecia na universidade, pouco antes e durante o projeto do Facebook e a distinção das cenas entre os processos que indenizavam os prejudicados por Mark - mesmo pagando indenizações altíssimas, Zuckerberg ainda é um dos homens mais ricos do mundo, com apenas 26 anos!
Não consegui deixar de fazer comparações com Piratas do Vale do Silício (1999). Também baseado em um livro, relata a Microsoft, os primeiros projetos de Bill Gates à rivalidade de Steve Jobs na Apple. Afinal, são histórias de programadores/ empreendedores que modificaram a vida de milhões de pessoas através da tecnologia computacional.
Não consigo exigir um final diferente para uma história inacabada, assim como qualquer tese o grau de dificuldade para algo que ainda ocorre é imenso em relação aquilo que não vai continuar a acontecer, logo acredito que todos os elogios são merecidos.

"Você não consegue 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos"



http://www.sonypictures.com.br/Sony/HotSites/Br/aredesocial/

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Rua Livre

Nesse domingo (13/02) acontece mais um Rua Livre em Jundiaí. Este é um evento mensal organizado pelo Cineclube Consciência e o Grupo Zama para reunir parte da produção cultural de Jundiaí e região, onde os maiores colaboradores são aqueles que fazem/ apreciam essa cultura.
O evento realiza debates, exposições de textos, fotografia, curtas, teatro e bandas. Neste mês acontece a oitava edição, com um "especial hardcore" apresentando duas bandas de Jundiaí, uma de Campo Limpo Pta e duas do Rio de Janeiro - fora as outras atrações que podem ser conferidas no flyer abaixo.
O Rua Livre é uma ótima oportunidade para conhecer trabalhos independentes da região. Alguns dos meus textos foram expostos na edição de novembro de 2010 - quando conheci o evento - e de la pra cá acredito que a cidade deveria ter mais eventos do gênero.
Então se você quer conhecer algo legal na cultura de Jundiaí ou tem um material para apresentar entre em contato com o Cineclube.




Blog:http://www.cineclubeconsciencia.blogspot.com/
Orkut:http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=6798711638589119450

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O garoto de Liverpool

Se procura um filme dos Beatles com toda a gloriosidade do quarteto, este não é filme correto. O garoto de Liverpool relata um pouco da vida de John Lennon e seus dramas antes de ter sua famosa banda.
O foco se deve aos fatos ocorridos após a morte de seu tio, já que Lennon viveu com a tia Mimi até descobrir que sua mãe Julia sempre morou próximo de sua casa. A descoberta revela atitudes de depressão, afeto, atrevimento e até mesmo suspeitas de incesto.
As perguntas de Lennon passam a ter respostas, este descobre o que levou seu abandono, o que aconteceu com Julia por todo esse tempo e outros motivos que o perturbavam. Com isso, John passa a ter novas atitudes, vai abandonando a escola para ficar perto da mãe, descobre como pretende ser Elvis Presley e o rock´n´roll que lhe apresenta garotas, drogas, sexo e revoltas.
Com medo de perder o sobrinho nos caprichos da irmã, Mimi o presenteia com sua primeira guitarra, que leva a formação da banda The Quarrymen e mais tarde a amizade de Paul McCartney.
O longa com toda certeza não faz parte daquela vida que muitos conhecem entre John e Yoko, até porque o destaque aqui fica por conta de Aaron Johnson (J. Lennon), mas sim das atrizes Kristin Scott Thomas (Mimi) e Anne-Marie Duff (Julia). E talvez seja aqui que algumas das letras dos Beatles possam ser "explicadas" através de certa particularidade, aparentemente sem grandes pretensões, o que chega a ser uma contradição se tratando de John Lennon.

Confira:


Duração: 98 mins
Ano: 2009

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Você se lembra?

Há dias ganhei algo que muitos jogariam fora, revistas de quase dez anos atrás. Então comecei a perceber o quanto havia me esquecido sobre as atualidades de minha infância.
As chuvas e desmoronamentos já faziam parte de um noticiário que para mim era inexistente, a virada do século produzia retrospectivas enormes, com dois ou três itens das décadas anteriores, e lembre-se bem, nos anos 80 o "rock colorido" já estava na mídia.
Nas edições de 2002, encontro promessas científicas, como a cura do câncer em dez anos, ou "se você quer parar de fumar, tome a injeção que estará no mercado daqui cinco anos", vejamos, passaram-se nove anos e nunca ouvi falar da tal injeção.
Frustrações a parte, encontro temas que me fazem esquecer o ano de publicação da revista, é tudo tão atual que chega a causar naturalidade em relação as matérias anteriores. Conflitos no Oriente Médio, países emergente, Copa do Mundo, meio ambiente, publicidade, estética, etc.
Por curiosidade procurei a última edição da mesma revista - não integral, por não ser impressa - e olhe só, novidades?
Talvez não muitas, mas seriam se não tivesse lido as edições anteriores, afinal, não me recordava de muita coisa. Não sei se poderia ser diferente com alguém que não era uma criança e assistia noticiários ao invés de desenhos animados.
Prefiro não citar o nome da revista, mas a considero uma das melhores de nosso país. Acredite isto vale mais pela curiosidade do que pela crítica.
Enquanto isso, vamos nos atentar as atualidades, quem sabe daqui a dez anos nos lembraremos de propagandas marcantes, falhas da ciência ou as previsões para o fim do mundo.